quarta-feira, 20 de julho de 2011

Antônio Frederico de Castro Alves nasceu no Estado da Bahia, no dia 14 de março de 1847 na fazenda Cabaceiras, antiga freguesia de Muritiba, perto da vila de Curralinho. Morreu na cidade de Salvador, no dia 6 de julho de 1871.
  Viveu os primeiros anos da juventude no interior do sertão. Era filho do médico Antônio José Alves, mais tarde professor na Faculdade de Medicina de Salvador, e de Clélia Brasília da Silva Castro.
 Castro Alves um dos poetas romanticos brasileiros mais brilhantes. Chamado cantor dos escravos pelos seus poemas de combate à escravidão negra no Brasil.

A Canção do Africano
    Lá na úmida senzala,
     Sentado na estreita sala,
          Junto ao braseiro, no chão,
                Entoa o escravo o seu canto,
       E ao cantar correm-lhe em pranto
  Saudades do seu torrão ...
                    De um lado, uma negra escrava
              Os olhos no filho crava,
                 Que tem no colo a embalar...
                     E à meia voz lá responde
        Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez pra não o escutar!
         "Minha terra é lá bem longe,
      Das bandas de onde o sol vem;
                      Esta terra é mais bonita,
 Mas à outra eu quero bem!
                "0 sol faz lá tudo em fogo,
           Faz em brasa toda a areia;
                        Ninguém sabe como é belo
  Ver de tarde a papa-ceia!
            "Aquelas terras tão grandes,
      Tão compridas como o mar,
                 Com suas poucas palmeiras
  Dão vontade de pensar ...
                       "Lá todos vivem felizes,
         Todos dançam no terreiro;
               A gente lá não se vende
  Como aqui, só por dinheiro".
                           O escravo calou a fala,
             Porque na úmida sala
                    O fogo estava a apagar;
                               E a escrava acabou seu canto,
        Pra não acordar com o pranto
O seu filhinho a sonhar!
                                                                                   (CASTRO ALVES)